Você concorda que há um estigma enorme em relação a pessoas obesas ou acima do peso?
Vamos conversar?
De fato, a obesidade e o sobrepeso vão além das questões físicas e isso, impacta significativamente a saúde mental das pessoas, no entanto, há diversos fatores que levam um indivíduo a desencadear a obesidade e o sobrepeso. Neste artigo, pretendo trazer a complexa relação entre obesidade e problemas psicológicos, analisando o impacto na autoestima, o estigma social associado e estratégias possíveis.
Eu sou a Psicóloga Thaina Scuia e se você é novo/a por aqui seja bem vindo/a e me siga nas redes…
Porque o número de pessoas com obesidade só aumenta?
A obesidade é um problema crescente em todo o mundo uma pesquisa recente mostrou que a Obesidade atingiu mais de 6,7 milhões de pessoas no Brasil em 2022 e com a pandemia o quadro se agravou.
É certo que nossas relações mudaram: com o tempo, com a comida, com o trabalho… Mas falar de corpo, sem considerar aspectos psicológicos e emocionais é limitar o entendimento sobre o assunto.
Talvez você já tenha ouvido falar que o aumento da obesidade é impulsionado por alguns fatores como: o sedentarismo, a disponibilidade e promoção de alimentos não saudáveis, como os ultraprocessados, a exposição a poluentes químicos, nossa vida acalerada, as rotinas de trabalho e também as práticas da indústria alimentícia, que estimulam o consumo de dietas pouco saudáveis.
No entanto, é crucial, entendermos o contexto social e o ambiente onde as pessoas estão. Vamos lá?
Influências Ambientais no Ganho de Peso:
O ambiente onde você vive desempenha um papel significativo no ganho de peso, obesidade e sobrepeso. Antes de tudo, precisamos considerar a grande desigualdade social que vivemos. E porque isso é importante? Porque a desigualdade social pode influenciar diversos aspectos da vida das pessoas, incluindo acesso a recursos, oportunidades e condições de vida que, por sua vez, afetam os padrões de alimentação e atividade física.
A desigualdade social e a Obesidade
Em áreas de baixa renda, por exemplo, pode haver falta de acesso a alimentos frescos e nutritivos, enquanto alimentos processados e altamente calóricos são mais acessíveis. Ou a dificuldade econômica pode limitar a capacidade de algumas pessoas em fazer escolhas alimentares mais saudáveis.
Mas não só isso, ambientes que favorecem comportamentos sedentários, como falta de espaços verdes, escadas e incentivo à atividade física, podem contribuir para o sedentarismo. Já pensou nisso? Tem algum espaço seguro ou praça ai perto da sua casa? Então você já pode concluir se vive em um ambiente obesogênico ou não.
A publicidade agressiva de alimentos não saudáveis influencia as escolhas alimentares, especialmente entre crianças e adolescentes. Inclusive esse assunto já é notícia: a obesidade em crianças e adolescentes também tem aumentado.
Padrões familiares e Obesidade
Além disso, as normas culturais também podem favorecer porções grandes e celebrações com alimentos ricos em calorias que contribuem para o ganho de peso. Quem nunca foi para um belo rodízio para comemorar e comeu “mais do que deveria” só pra “valer a pena” o investimento? Ou quantas festas com doces açucarados afundamos os pés?
Ambientes estressores e Obesidade
Além desse fatores, se pergunte sobre o ambiente que você vive. Isso mesmo, dentro de casa e no trabalho. É estressante?
O estresse crônico pode aumentar a produção de cortisol, um hormônio relacionado ao armazenamento de gordura abdominal. Também pode afetar os níveis de grelina (que estimula o apetite) e leptina (que regula a saciedade), levando a desequilíbrios que favorecem excessos na alimentação.
Consegue perceber quantos aspectos estão influenciando uma pessoa?
No meu trabalho como psicóloga, busco entender quais os aspectos levam alguém a desenvolver determinado comportamento alimentar. Afinal, é comum que algumas pessoas recorram à alimentação como uma forma de lidar com situações de sofrimento.
Mas esse é um dos aspectos.
Nossa conexão com a comida vai além da mera necessidade fisiológica; ela está entrelaçada com emoções, experiências passadas e, crucialmente, nossa percepção de nós mesmos.
Vamos entender?
Aspectos que se relacionam com a obesidade
Autoestima e Escolhas Alimentares:
Nossa autoestima pode influenciar diretamente as escolhas alimentares. Pessoas com uma autoestima positiva tendem a fazer escolhas alimentares mais saudáveis, enquanto aquelas com baixa autoestima podem recorrer à comida como uma forma de conforto emocional.
Impacto da Mídia e Normas Sociais:
A mídia e as normas sociais moldam nossa percepção do corpo ideal, o que, por sua vez, pode afetar como nos relacionamos com a comida. Padrões inatingíveis podem gerar ansiedade em relação ao corpo e influenciar padrões alimentares.
Ciclo Vicioso:
Uma relação negativa com a alimentação pode resultar em um ciclo vicioso. Por exemplo, o estresse emocional pode levar a escolhas alimentares menos saudáveis, e essas escolhas, por sua vez, podem impactar negativamente a autoestima.
Restrição Alimentar e Autoimagem:
Tentativas constantes de restrição alimentar para atingir padrões estéticos muitas vezes levam a uma relação prejudicial com a comida e podem comprometer a autoestima quando os resultados desejados não são alcançados.
Autocrítica e Autocompaixão:
A forma como nos falamos internamente sobre nossas escolhas alimentares pode afetar nossa autoestima. A autocrítica pode levar a sentimentos de culpa, enquanto a autocompaixão permite uma abordagem mais equilibrada e saudável.
Ciclo Alimentar e Emocional:
Em situações de estresse, tristeza ou ansiedade, algumas pessoas recorrem à comida como uma maneira de lidar com emoções negativas. Esse ciclo pode ter um impacto duradouro na relação entre alimentação e autoestima.
Educação Nutricional e Empoderamento:
Uma compreensão sólida da nutrição e uma abordagem equilibrada para a alimentação podem capacitar as pessoas a tomar decisões conscientes, promovendo uma relação mais saudável com a comida e, por conseguinte, uma autoestima positiva.
Se você chegou até aqui, logo, acredito que deva ter compreendido que há múltiplos fatores por trás da obesidade e do sobrepeso. E, diferentemente, do que muita gente reproduz de forma preconceituosa, está para além de “falta de força de vontade”, “preguiça”, “falta de controle ou disciplina”. É preciso olhar com carinho para cada história e entender as relações que foram construidas ao longo dos anos.
Portanto, ao examinar a relação entre obesidade e saúde mental,perceba que os dois estão intrinsecamente ligados. Não se trata apenas de uma questão de aparência física, mas de como o corpo afeta a mente e vice-versa.
Estratégias para lidar com a Obesidade e Melhorar a Saúde Mental
Superar a obesidade e melhorar a saúde mental requer abordagens abrangentes. Aqui estão algumas estratégias eficazes:
- Alimentação Saudável: Adotar uma dieta equilibrada não só ajuda na perda de peso, mas também influencia positivamente o estado de espírito. Nutrientes adequados são essenciais para o funcionamento adequado do cérebro.
- Atividade Física: A prática regular de exercícios não apenas auxilia na perda de peso, mas também libera endorfinas, neurotransmissores que promovem o bem-estar mental.
- Suporte Psicológico: Buscar apoio psicológico é crucial. Quando falamos de mudança de comportamento, mudança alimentar, escolhas mais saudáveis, estamos falando antes de tudo de mudança de mentalidade.
Por isso, o psicólogo pode oferecer orientação emocional e estratégias para lidar com os agentes associados a obesidade.
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